Sala Luís de Pina | Seg. [24] 19:30
BERNARDO SASSETTI – A MÚSICA COMO FICÇÃO – em colaboração com a Casa Bernardo Sassetti
O MILAGRE SEGUNDO SALOMÉ
de Mário Barroso
com Ana Bandeira, Nicolau Breyner, Ricardo Pereira, Paulo Pires, Filipe Duarte
Portugal, França, 2004 – 94 min | M/12
com a presença de Mário Barroso
Primeira incursão de Mário Barroso na realização (depois de ANIVERSÁRIO, feito para a televisão), o filme adapta o romance de José Rodrigues Miguéis: no contexto social e político das primeiras décadas do século XX em Portugal, uma jovem prostituta e devota torna-se objeto das atenções de um banqueiro. O fio narrativo segue a história da sua protagonista cruzando-a com a dos relatos das aparições de Fátima, que circulam na mesma época. Retrato de um tempo, é também um filme que se detém na questão da aparência.
Sala M. Félix Ribeiro | Ter. [25] 15:30
ALLAN DWAN (PARTE II)
SUEZ
de Allan Dwan
com Tyrone Power, Loretta Young, Annabella
Estados Unidos, 1938 – 104 min / legendado eletronicamente em português | M/12
Uma das raras ocasiões, depois dos anos vinte, em que Dwan apareceu ao leme de uma grande produção, aliás uma aposta pessoal de Darryl Zanuck, o “mogul” da 20th Century Fox. Relata as aventuras, sobretudo políticas e diplomáticas, subjacentes à construção, em meados do século XIX, do canal do Suez, e destaca-se tanto pelo seu carácter “palaciano” como pelo espetacular clímax da tempestade de areia. Mas não se procure uma lição de História: a saga da construção do canal está tão fantasiada que os herdeiros de Ferdinand de Lesseps (o supervisor da construção, interpretado por Tyrone Power) quiseram mover um processo à Fox. A exibir em cópia digital.
Sala Luís de Pina | Qua. [26] 19:30
BERNARDO SASSETTI – A MÚSICA COMO FICÇÃO – em colaboração com a Casa Bernardo Sassetti
UM DIA FRIO
de Cláudia Varejão
com Adriano Luz, Maria d’Aires, Isabel Ruth
Portugal, 2009 – 27 min
COMO DESENHAR UM CÍRCULO PERFEITO
de Marco Martins
com Rafael Morais, Joana de Verona, Beatriz Batarda
Portugal, 2009 – 96 min
duração total da projeção: 123 min | M/12
com a presença de Cláudia Varejão

UM DIA FRIO segue, ao longo de um dia de inverno, a rotina de uma família e os aspetos íntimos e secretos das suas ações. É um retrato de uma relação, “em torno de personagens cujo antagonista não é mais do que a própria vida” (Cláudia Varejão). Segunda longa-metragem de ficção de Marco Martins, COMO DESENHAR UM CÍRCULO PERFEITO narra uma história limite, a rutura dos conceitos de família à volta do abandono por parte de uma mãe ausente que delega nos dois filhos gémeos a responsabilidade de cuidarem de si próprios, e da dependência que os dois irmãos desenvolvem ao ponto do incesto. Habituados a depender apenas dos afetos um do outro, vão despertar juntos para a vida, para o amor e para a sexualidade. O é assinado em conjunto pelo realizador e pelo escritor Gonçalo M. Tavares e a música é de Bernardo Sassetti, em nova colaboração com Marco Martins depois de ALICE.
Sala M. Félix Ribeiro | Qui. [27] 19:00
ALLAN DWAN (PARTE II)
GETTING GERTIE’S GARTER
O que Podem umas Pernas
de Allan Dwan
com Dennis O’Keefe, Marie Macdonald, Binnie Barnes
Estados Unidos, 1945 – 72 min / legendado eletronicamente em português | M/12
GETTING GERTIE’S GARTER é uma comédia pouco conhecida e que apresenta muitas semelhanças com UP IN MABEL’S ROOM. Trata-se, aliás, da adaptação de outra peça do mesmo autor, Wilson Collison, explorando intriga semelhante. Desta vez O’Keefe é um cientista recém-casado que procura recuperar uma liga que oferecera a uma outra namorada antes do casamento. Tão hilariante é um como é outro.
Sala M. Félix Ribeiro | Sex. [28] 21:30
SVEN NYKVIST – O CULTO DA LUZ VIVA
DAS SCHLANGENEI
O Ovo da Serpente
de Ingmar Bergman
com David Carradine, Liv Ullmann, Gert Fröbe
Alemanha, Estados Unidos, 1977 – 118 min / legendado em português | M/12
Um filme do “período alemão” de Ingmar Bergman, quando o cineasta se autoexilou em Munique durante alguns anos, na sequência de um imbróglio fiscal com as autoridades suecas. DAS SCHLANGENEI leva-nos a Berlim, anos vinte, acompanhando dois trapezistas judeus (Ullmann e Carradine) que acabam por ir parar a uma clínica. Com horror, descobrem que a clínica se dedica, clandestinamente, a experiências médicas que utilizam os pacientes como cobaias. Surpreendente descrição de um mundo “proto-nazi”, DAS SCHLANGENEI analisa a disseminação do nazismo e os prenúncios de Hitler. A serpente, filmada no ovo. O filme não é exibido na Cinemateca desde 2013. A exibir em cópia digital.
Sala M. Félix Ribeiro | Sáb. [29] 15:30
DOUBLE BILL
RATBOY
Ratboy – Perdido na Multidão
de Sondra Locke
com Sondra Locke, Robert Townsend, Christopher Hewett
Estados Unidos, 1986 – 104 min / legendado eletronicamente em português
MASK
A Máscara
de Peter Bogdanovich
com Cher, Eric Stoltz, Sam Elliott, Estelle Getty, Laura Dern, Harry Carey Jr.
Estados Unidos, 1985 – 120 min / legendado eletronicamente em português
duração total da projeção: 224 min | M/12
entre a projeção dos dois filmes há um intervalo de 30 minutos

Para Bogdanovich, MASK foi o filme do sucesso comercial e de desentendimentos vários (com o produtor pelo “final cut” e pelas intromissões na banda sonora, onde há canções de Bob Seager em vez de Bruce Springsteen, o desejo do realizador; com a atriz protagonista durante a rodagem, se bem que Cher tenha conquistado o prémio de melhor atriz no Festival de Cannes de 1985). A história é baseada na vida prematuramente interrompida de Roy L. “Rocky” Dennis, um rapaz que sofria de uma doença rara. Mesmo neste período de “recuperação” intensiva do cinema de mulheres cineastas ainda ninguém se lembrou de resgatar Sondra Locke (1944-2018) ao esquecimento. Avançamos nós, então. Muito mais conhecida como atriz, e especialmente pelas suas colaborações com Clint Eastwood (com quem partilhou a vida pessoal entre meados dos anos setenta e o final dos anos oitenta), Sondra Locke assinou em RATBOY a sua primeira experiência (de um total de quatro) como realizadora, produzida pela Malpaso de Clint e rodeada de colaboradores do seu marido na altura (Bruce Surtees na fotografia, Joel Cox na montagem, Lennie Niehaus na música). Pessimamente recebido, é um filme notável, um dos mais estranhos e indefiníveis filmes americanos da década de oitenta, uma fábula sobre a “diferença” e a “discriminação” (o “rapaz-rato”, cuja origem o filme nunca explica, é um “contentor” metafórico que pode ser preenchido com a forma concreta que o espectador quiser), tanto como sobre o “espectáculo” e sobre a inevitabilidade da violência na relação entre a “norma” e a “anomalia”. Um “lado B”, muito negro, para o MASK de Bogdanovich.