Sala M. Félix Ribeiro | Seg. [7] 21:30

24 IMAGENS – CINEMA E FOTOGRAFIA (I)
Álbuns Fotográficos

24 FRAMES

de Abbas Kiarostami
Irão, França , 2017 – 120 min / sem diálogos | M/12

É o filme póstumo de Abbas Kiarostami (1940-2017), estreado no Festival de Cinema de Cannes de 2017, em 24 segmentos que fluem a partir de imagens fixas e terminam ao som de Love Never Dies, de Andrew Lloyd Webber. Kiarostami, que também fez da fotografia uma forma de expressão e acreditava no poder narrativo intrínseco a uma imagem fixa, alia-a aqui ao cinema. “Sempre me questionei até que ponto deseja um artista representar a realidade de uma cena. Os pintores capturam apenas um fotograma de realidade e nada antes nem depois dele. Para 24 FRAMES decidi usar fotografias por mim tiradas ao longo dos anos. Incluí 4’30” do que imaginei que pudesse ter tido lugar antes ou depois de cada imagem que capturei” (Abbas Kiarostami). Primeira exibição na Cinemateca.


Sala M. Félix Ribeiro | Ter. [8] 15:30

24 IMAGENS – CINEMA E FOTOGRAFIA (I)
O fluxo, o instante

EIN LICHTSPIEL SCHWARZ WEISS GRAU

“Jogo de Luz Preto Branco Cinzento”
de László Moholy-Nagy
Alemanha, URSS, 1930 – 6 min / mudo, sem intertítulos

CHELOVEK S KINOAPPARATOM

“O Homem da Câmara de Filmar”
de Dziga Vertov
URSS, 1929 – 66 min / mudo, sem intertítulos

duração total da projeção: 72 min | M/12

com acompanhamento ao piano por Filipe Raposo
“O HOMEM DA CÂMARA DE FILMAR”

“JOGO DE LUZ PRETO BRANCO CINZENTO” é dos mais conhecidos trabalhos em filme do fotógrafo László Moholy-Nagy, em que a abstração das imagens no jogo de luz proposto tem o referente concreto do Modulador Espaço-Luz, também conhecido como acessório luminoso para um cenário elétrico. Moholy-Nagy ensaia sintetizar a visualização do ato de ver a partir de uma multiplicidade de perspetivas. “O HOMEM DA CÂMARA DE FILMAR” é o manifesto radical e futurista da vanguarda soviética dos anos vinte por Dziga Vertov: cinema de montagem, que recusa a trama narrativa, o ator e os intertítulos; cinema da “câmara-olho” (“kino-glaz”), mais perfeita que o olho humano. Um “filme ‘ao contrário’, com uma expressão fabulosamente ritmada”, na opinião de Jean Rouch, para quem Dziga Vertov “era antes de mais nada um poeta, o documentarista das festas revolucionárias”. O turbilhão das imagens em movimento do filme tem momentos em que a imagem se fixa em fotogramas tratados manualmente na montagem. O filme de Moholy-Nagy foi mostrado uma única vez na Cinemateca, em 1990, num Ciclo dedicado à vanguarda alemã dos anos vinte.


Sala M. Félix Ribeiro | Qua. [9] 21:30

ANTE-ESTREIAS

POR TUA TESTEMUNHA

de João Pupo
com Fernando Rodrigues, Manuel Almeida e Sousa, Paula Só, David Pereira Bastos
Portugal, 2018 – 18 min

TUDO O QUE IMAGINO

de Leonor Noivo
com Alba Baptista, André Marques, André Simões, Carla Monteiro, Dulci Dji
Portugal, 2017 – 30 min

 

duração total da projeção: 48 min | M/12

com a presença de João Pupo e Leonor Noivo

A sessão reúne duas curtas-metragens de ficção produzidas pela Terratreme Filmes. POR TUA TESTEMUNHA, de João Pupo, é uma adaptação livre do conto de Manuel Fonseca A Testemunha, que a sinopse apresenta assim: “Ivo Moura é um homem que tem um propósito bem definido mas a natureza desvia-o do seu caminho.” Em TUDO O QUE IMAGINO, Leonor Noivo filma uma história de fim de adolescência, num “último verão antes do mundo do trabalho para um grupo de amigos no bairro de Alcoitão, ‘BDA’. Sem adultos por perto, há a ilusão que se pode fazer o que se quer. André improvisa o rap como improvisa a vida, na procura de um caminho que o deixe mais livre, tenta fugir do que lhe é próximo e do que conhece, mas nunca conseguirá sair de si próprio”.


Sala M. Félix Ribeiro | Qui. [10] 19:00

O QUE QUERO VER

GREY GARDENS

de David Maysles, Albert Maysles, Ellen Hovde, Muffie Meyer
com Edith “Big Edie” Ewing Bouvier Beale, Edith “Little Edie” Ewing Bouvier Beale, Norman Vincent Peale, Albert Maysles, David Maysles, Jerry Torrre, Lois Wright
Estados Unidos, 1976 – 94 min / legendado em português | M/12

GREY GARDENS tem sido um dos títulos sugeridos na rubrica “O Que Quero Ver”, em que o mostramos este mês, numa segunda passagem, depois da sessão com o IndieLisboa (a 4 de maio, às 15:30). Retrato do quotidiano da excêntrica parelha formada por uma mãe e uma filha com o mesmo nome, “Big” e “Little Edie” Bouvier Beale, de origem aristocrata mas condição financeira miserável, moradoras numa mansão decadente num bairro rico de East Hampton, Nova Iorque. GREY GARDENS é um dos títulos da importante obra documental de David e Albert Maysles (aqui, em colaboração com Ellen Hovde e Muffie Meyer), despertados para a existência de Grey Gardens por uma notícia de jornal que descrevia as condições de vida miseráveis de duas primas de Jacqueline Kennedy. Especialmente centrado na relação entre as duas mulheres, foi polémico quando estreou, merecendo críticas severas aos irmãos Maysles, acusados de explorar as suas protagonistas e subverter os princípios do “direct cinema”. Primeira exibição na Cinemateca.


Sala M. Félix Ribeiro | Sex. [11] 21:30

FAZER FILMES POLITICAMENTE: O GRUPO DZIGA VERTOV

UN FILM COMME LES AUTRES

de Grupo Dziga Vertov
França, 1968 – 103 min / legendado eletronicamente em português | M/12

O filme que inaugurou o Grupo Dziga Vertov: embora tenha sido filmado “a solo” por Jean-Luc Godard, o cineasta, desejoso de fazer desaparecer o seu nome, preferiu a assinatura coletiva, assim formalizando o início da atividade do grupo que formou com Jean-Pierre Gorin e Jean-François Rauger (entre outros colaboradores regulares). UN FILM COMME LES AUTRES, cujo título contraditório (porque é evidente que não é um “filme como os outros”) imediatamente sinalizava um novo caminho e uma nova maneira de fazer filmes, é uma investigação do maio de 68, das motivações e das esperanças dos seus protagonistas (estudantes e jovens operários), que frente à câmara e ao microfone longamente discutem os acontecimentos e o seu significado. Jean-Marie Straub chamou-lhe “o mais fiel retrato” do maio de 68. Primeira exibição na Cinemateca.


Sala M. Félix Ribeiro | Sáb. [12] 15:30

DOUBLE BILL

KILL BILL: VOL. 1

de Quentin Tarantino
com Uma Thurman, Lucy Liu, Vivica A. Fox, Daryl Hannah, David Carradine, Julie Dreyfus, Michael Madsen, Sonny Chiba
Estados Unidos, 2003 – 110 min / legendado em português

KILL BILL: VOL. 2

de Quentin Tarantino
com Uma Thurman, David Carradine, Michael Madsen, Daryl Hannah, Gordon Liu, Michael Parks
Estados Unidos, 2004 – 137 min / legendado em português

duração total da projeção: 247 min | M/16
entre os dois filmes há um intervalo de 20 minutos

Rodada como se de uma obra se tratasse, KILL BILL acabaria por ser dividido em dois volumes para facilitar a sua distribuição nas salas de cinema. Tarantino, por sua vez, acabaria por montar dois tomos diferentes mas reveladores dos caminhos da sua obra cinematográfica. No primeiro volume, o realizador brinca com as suas inúmeras referências cinéfilas (o western e o “western spaghetti”, os filmes de samurais e de artes marciais) para iniciar, num filme de ação de enorme deleite para os sentidos (com uma sequência em “anime”), a história da vingança de “The Bride” contra os mercenários que tentaram assassiná-la a pedido de Bill. Uma Thurman, no papel da sua vida, regressa num segundo volume revelador da qualidade shakesperiana dos argumentos de Tarantino e dos filmes que se seguiram, fazendo, dos seus diálogos, a força motriz de um filme antes da chegada do seu êxtase (e o espectador para lá se encaminha, nesta tremenda viagem, ao som da música do eterno Ennio Morricone).