Sala M. Félix Ribeiro | Seg. [25] 19:00
HOMENAGEM A DELFIM SANTOS
SIE FANDEN EINE HEIMAT
de Leopold Lindtberg
com John Justin, Eva Dahlbeck
Suíça, Reino Unido, 1953 – 98 min
legendado eletronicamente em português | M/12

SIE FANDEN EINE HEIMAT será, como DIE LETZTE CHANCE (1945) ou DIE VIER IM JEEP (1950), um dos filmes mais reconhecidos da carreira do realizador austro-suíço Leopold Lindtberg (e integrante da competição do Festival de Cannes de 1953). Passada no contexto da Segunda Guerra Mundial e no centro do continente europeu (numa aldeia dos Alpes Suíços), a “aldeia” do filme é um lugar onde se juntam crianças refugiadas da guerra, uma história de amor entre dois dos seus instrutores, e a instrumentalização, por parte dos poderes políticos (e de quem sofreu com eles), do futuro de jovens vidas que se veem, hoje, sem raízes num continente que vive a maior das suas feridas. Primeira exibição na Cinemateca.
Sala M. Félix Ribeiro | Ter. [26] 19:00
1917 NO ECRÃ I
BRONENOSETS POTEMKIN / PANZERKREUZER POTEMKIN
O Couraçado Potemkine
de Sergei M. Eisenstein
com Aleksander Antonov, Grigori Alexandrov, Vladimir Barsky
URSS, 1925 / Alemanha, 1930 – 49 min / versão sonorizada, com diálogos em alemão legendados eletronicamente em português | M/12
SHESTAYA CHAST MIRA
“A Sexta Parte do Mundo”
de Dziga Vertov
União Soviética, 1926 – 83 min / mudo, intertítulos em russo legendados em português
duração total da projeção: 132 min | M/12
SHESTAYA CHAST MIRA com companhamento ao piano por Filipe Raposo

Propomos a rara versão sonorizada de O COURAÇADO POTEMKINE, feita na Alemanha em 1930. Em 1926, para o lançamento do filme na Alemanha, Edmund Meisel compôs uma partitura moderna e dissonante, com elementos do “bruitismo”, que ficou mítica. Quando o filme foi reposto na Alemanha em 1930 fez-se uma versão sonorizada, com a música gravada em discos, o acréscimo de diálogos falados em alemão e, por conseguinte, a supressão dos intertítulos. Uma obra muda foi transformada em “talkie” e projetada a 24 imagens por segundo e não 18, o que acarretou uma redução do tempo de projeção em mais de vinte minutos. Um verdadeiro trabalho de intervenção. Os discos originais, em 78 rotações, foram descobertos no Museu Técnico de Viena e, depois de anos de esforços, esta versão foi restaurada pelo Filmmuseum de Viena. Martin Reinhardt, um dos responsáveis pelo trabalho considera que o resultado final é “uma versão drasticamente nova, uma reinterpretação autónoma”. A apresentar em cópia digital. “A versão reconstruída é uma iniciativa conjunta da Universidade das Artes de Berlim, da Cinemateca de Viena e do Museu Técnico de Viena” (Österreichisches Filmmuseum). Dziga Vertov foi o mais radical de todos os membros da vanguarda cinematográfica soviética dos anos vinte, partidário de um “cinema puro”, sem argumento, atores ou laço algum com a literatura, de que o seu filme mais célebre, O HOMEM DA CÂMARA DE FILMAR, é um verdadeiro manifesto. Realizado três anos antes, “A SEXTA PARTE DO MUNDO” (ou seja, a União Soviética, então o único país comunista do mundo) foi uma encomenda da agência de comércio estatal soviética, para a divulgação internacional do país. Vertov transformou a encomenda num grande cine-poema, concebido como um filme “unanimista”, que mostra diversas regiões da URSS, europeias e asiáticas, contrastando-as com o mundo capitalista. Contrariamente ao que se passa em O HOMEM DA CÂMARA DE FILMAR, aqui os intertítulos são numerosos e a construção é demonstrativa. Uma obra extremamente importante, mas relativamente pouco vista, de uma das figuras mais brilhantes e isoladas da história do cinema.
Sala M. Félix Ribeiro | Qua. [27] 21:30
ANTE-ESTREIAS
COMBOIO DE SAL E AÇÚCAR
de Licínio de Azevedo
com Matamba Joaquim, Thiago Justino, Melanie de Vales Rafael, Absalão Maciel, Mário Mabjaia
Portugal, Moçambique, França, Brasil, África do Su, 2016 – 93 min | M/14
Com a presença com a presença do realizador e dos atores Melanie de Vales Rafael, Matamba Joaquim e Absalão Narduela
Exibido no Festival de Locarno de 2016, COMBOIO DE SAL E AÇÚCAR traz a viagem do único comboio existente entre Nampula e Malawi, no meio da guerra civil moçambicana, onde se encontram mantimentos que poderão garantir a subsistência de centenas de civis, famílias e soldados. Os obstáculos, numa linha de comboio sabotada e desfeita, e os dramas encontrados pelo caminho, falam pela história de um país, e dos seus dramas humanitários, que atravessou uma guerra civil para reencontrar a sua independência.
Sala M. Félix Ribeiro | Qui. [27] 21:30
LUIS MIGUEL CINTRA: O CINEMA: Carta Branca
LE CARROSSE D’OR
A Comédia e a Vida
de Jean Renoir
com Anna Magnani, Duncan Lamont, Edoardo Spadaro
França, Itália, 1952 – 100 min / legendado eletronicamente em português | M/12
Baseado numa peça de Merimée, que estabelece paralelos entre a comédia e a vida, como diz o título português, é a primeira das três obras estilizadas e “mozartianas” que Renoir realizaria de enfiada nos anos cinquenta, ao lado de ELENA ET LES HOMMES e FRENCH CANCAN. Longe da tensão entre realismo e artifício que carateriza a sua produção dos anos trinta, é um filme que assume o seu aspecto teatral e artificial. Foi realizado em três versões – inglesa, francesa e italiana – sempre com os mesmos atores, daí que tenha também os títulos LA CAROZZA D’ORO e THE GOLDEN COACH. Renoir considerava a versão inglesa como a mais autêntica e é esta que apresentamos.
Esplanada | Sex. [29] 22:30
O CINEMA E A CIDADE I
OS VERDES ANOS
de Paulo Rocha
com Isabel Ruth, Rui Gomes, Ruy Furtado, Paulo Renato
Portugal, 1963 – 85 min | M/12
“É a história da iniciação de dois jovens provincianos nos problemas da cidade e do amor” (Paulo Rocha). O primeiro filme de Paulo Rocha é um olhar sobre Lisboa, desencantado, terno e amargo. O filme que, juntamente com BELARMINO, de Fernando Lopes, marca o arranque do Cinema Novo Português e o começo de uma nova geração de atores e técnicos do cinema português. É também indissociável do tema original de Carlos Paredes, na sua primeira composição para cinema.
Sala Luís de Pina | Sáb. [30] 15:00
LUIS MIGUEL CINTRA: O CINEMA: Retrospetiva
LE SOULIER DE SATIN
de Manoel de Oliveira
com Luis Miguel Cintra, Patrícia Barzyk, Anne Consigny, Jean Pierre Bernard, Manuela de Freitas, Henri Serre, Anny Romand, Isabelle Weingarten, Marie Christine Barrault, Maria Barroso, Jorge Silva Melo
Portugal, França, 1985 – 406 min / legendado eletronicamente em português | M/12
Com a presença de Luis Miguel Cintra | Sessão com dois intervalos
Quase sete horas de duração; planos geralmente longuíssimos, no limite material da duração do “magasin”; câmara normalmente imóvel, impondo um único ponto de vista sobre personagens que, também normalmente, estão estáticas e se falam sem se olhar e sem olhar para a câmara, fixando um algures indefinido e não situado; uma extensíssima sucessão de “recitativos” ou “árias” em que uma só personagem (tantas vezes) se espraia em falas de intensa e tensa duração; um texto ideológica e esteticamente avesso a qualquer moda ou gosto dominante. São estas as aparências exteriores do “opus magnum” do cinema português, este LE SOULIER DE SATIN que, em 1985, valeu a Manoel de Oliveira o Leão de Ouro em Veneza. Adaptação integral da obra de Claudel sobre a história de D. Rodrigo de Manacor, personagem interpretada por Luis Miguel Cintra, LE SOULIER DE SATIN é um dos filmes mais ambiciosos alguma vez feitos e é, para alguns, a obra máxima de Oliveira e um dos grandes monumentos da história do cinema.