Sala M. Félix Ribeiro | Seg. [9] 21:30
1917 NO ECRÃ I
EM COLABORAÇÃO COM O GOSFILMOFOND – FUNDO NACIONAL DE CINEMA DA FEDERAÇÃO DA RÚSSIA
PADENIE DINASTY ROMANOVICHT
“A Queda da Dinastia Romanov”
de Esther Chub
URSS, 1927 – 87 min / mudo, intertítulos em russo, legendados eletronicamente em português
REVOLUCIONER
“O Revolucionário”
de Evgueni Bauer
com Ivan Perestriani, Vladimir Strijevsky, Zoia Barancevich
Rússia, 1917 – 34 min / mudo, intertítulos em russo legendados eletronicamente em português
duração total da projeção: 121 min | M/12

Esther Chub foi uma das inventoras do filme de montagem, que reorganiza numa nova estrutura material filmado anteriormente. Em 1924, colaborou com Eisenstein numa remontagem de DR. MABUSE DER SPIELER, de Fritz Lang, rebatizado “A PODRIDÃO DOURADA”, hoje perdido. Realizado no âmbito das comemorações do décimo aniversário da revolução bolchevique, “A QUEDA DA DINASTIA ROMANOV” segue um fio narrativo, que acompanha o período final do regime czarista na Rússia. O filme reúne imagens da família real (tratadas muitas vezes de modo irónico) e da vida na Rússia, imagens da guerra e dos acontecimentos de fevereiro e outubro de 1917. Um importante documento. A completar a sessão, o trecho que sobreviveu de “O REVOLUCIONÁRIO”, realizado pelo nome mais célebre do cinema russo do período czarista – Evgueni Bauer – mestre de um elaborado uso da luz e do movimento dos atores em melodramas requintados, de quem a Cinemateca já programou vários filmes. Foi talvez o primeiro filme russo a fazer eco da revolução: foi distribuído em abril de 1917 e Bauer faleceu em julho, por conseguinte, antes da vitória dos bolchevistas. REVOLUCIONER é uma primeira exibição na Cinemateca.
Sala M. Félix Ribeiro | Ter. [12] 21:30
O CINEMA E A CIDADE I
TOMBEE DE NUIT SUR SHANGHAI
de Chantal Akerman
Portugal, 2007 – 15 min / sem diálogos
ER SHI SI CHENG JI KA / 24 CITY
de Jia Zhangke
China, 2008 – 107 min / legendado eletronicamente em português
duração total da projeção: 122 min | M/12

Integrando o filme coletivo O ESTADO DO MUNDO, TOMBÉE DE NUIT SUR SHANGHAI resulta do desejo de Akerman em registar “um mundo onde as imagens estão por toda a parte, onde todas as culturas se misturam num concerto ensurdecedor, tudo em vídeo. Os barcos, os edifícios, não são mais do que imensos ecrãs. Há prazer em lá estar mas há também outra coisa, tudo aquilo faz refletir ainda mais sobre as imagens que se erigem como totens.” 24 CITY retrata as transformações de uma outra cidade chinesa por Jia Zhangke no momento do fecho de uma grande fábrica. Com HISTÓRIAS DE SHANGHAI (2010) ou O MUNDO (2004), 24 CITY é um acutilante retrato da China urbana contemporânea em plena transformação e o seu impacto na cultura tradicional por um dos mais interessantes cineastas do presente.
Sala M. Félix Ribeiro | Qua. [13] 19:00
LUIS MIGUEL CINTRA: O CINEMA | Retrospetiva
AQUI NA TERRA
de João Botelho
com Luis Miguel Cintra, Pedro Hestnes, Isabel de Castro, Jessica Weiss, Rita Dias
Portugal, 1993 – 115 min | M/12
Duas histórias que se passam “aqui na Terra”, se bem que em lugares opostos. Uma história urbana, sobre um economista que depois da morte do pai entra “num labirinto de medos, barulhos e solidão absoluta” até encontrar “uma luz – a Luz que o faz vacilar e cair numa vertigem irremediável”. E uma história rural, algures em terras altas, onde dois jovens vivem um crime e a sua expiação. Luis Miguel Cintra é o protagonista da primeira delas, no filme do seu encontro com João Botelho. Cabe-lhe o papel do Miguel economista lisboeta de sucesso em momento depressivo com manifestações físicas alucinatórias.
Sala M. Félix Ribeiro | Qui. [14] 18:00
O CINEMA E A CIDADE I
EM COLABORAÇÃO COM A LIVRARIA LINHA DE SOMBRA
HOJE ESTREIA
de Fernando Lopes
Portugal, 1967 – 8 min
VAMOS AO NIMAS
de Lauro António
Portugal, 1974 – 18 min
A CIDADE DE CASSIANO
de Edgar Pêra
Portugal, 1991 – 26 min
duração total da projeção: 52 min | M/12

Em HOJE ESTREIA Fernando Lopes acompanha a reconstrução do Condes (inaugurado em 4 de fevereiro de 1916), depois do incêndio que ali deflagrou em 1967. Um pretexto para uma evocação dos pioneiros do cinema e de um certo estilo de vida lisboeta associado ao Condes, mas também ao Animatographo do Rossio e ao Olympia. VAMOS AO NIMAS é um roteiro pelas velhas salas de Lisboa e suas periferias: os que desapareceram e os que sobrevivem. Lauro António questionava assim, em 1974, onde estava um cinema verdadeiramente popular. Primeiro título oficial da filmografia de Edgar Pêra, A CIDADE DE CASSIANO (Grande Prémio da Biennale International du Film d’Architecture e Prémio Crítica Festival Filmes de Arte Montreal em 1991) partiu de uma encomenda da exposição Cassiano Branco realizada no Éden, apresentando-se como uma “cine-síntese da obra arquitetónica de Cassiano Branco”.
Sala M. Félix Ribeiro | Sex. [15] 19:00
LUIS MIGUEL CINTRA: O CINEMA | Carta Branca
THE IMMORTAL STORY
História Imortal
de Orson Welles
com Orson Welles, Jeanne Moreau, Norman Eshley, Fernando Rey, Roger Coggio
França, Estados Unidos, 1968 – 58 min
legendado eletronicamente em português | M/12
Feito para a televisão, a partir de um conto de Karen Blixen, THE IMMORTAL STORY (UNE HISTOIRE IMMORTELLE, no título francês) é um filme em que Orson Welles retoma as suas personagens manipuladoras. Welles interpreta o enigmático e rico mercador Charles Clay que, em Macau, recria uma lenda de marinheiros sobre um homem que paga cinco guinéus a um marujo para passar uma noite com a sua jovem mulher e dar-lhe um herdeiro. Numa das suas colaborações dos anos sessenta com Welles, Jeanne Moreau encarna o papel de Virginie, a mulher que participa na noite da encenação montada por Clay como experiência erótica, mas é surpreendida pelas circunstâncias que ainda mais surpreendem o mercador envelhecido, fulminando-o. Os grandes planos de Moreau e de Norman Eshley, sob o olhar de Welles, participam da sequência inesquecível da noite de amor que ensaia a “história imortal”. A exibir na versão inglesa. Também programado “In Memoriam Jeanne Moreau”.
Sala M. Félix Ribeiro | Sáb. [16] 15:30
DOUBLE BILL
A STAR IS BORN
Assim Nasce Uma Estrela
de George Cukor
com Judy Garland, James Mason, Jack Carson, Charles Bickford
Estados Unidos, 1954 – 170 min / legendado em espanhol
THE WOMAN ON THE BEACH
A Mulher Desejada
de Jean Renoir
com Joan Bennett, Robert Ryan, Charles Bickford
Estados Unidos, 1946 – 70 min / legendado em português
duração total da projeção: 240 min | M/12
Entre a projeção dos dois filmes há um intervalo de 30 minutos
Cukor adapta a versão de A STAR IS BORN filmada por William Wellman em 1937 que, por sua vez, retomava o seu WHAT PRICE HOLLYWOOD? (1932), ajustando a um musical o argumento da história original de Wellman e Robert Carson. Foi o primeiro musical de Cukor e a sua primeira obra em Technicolor e CinemaScope. O filme foi amputado de algumas sequências na altura da estreia, mas foi restaurado na década de oitenta. Inicialmente, Jean Renoir fizera de THE WOMAN ON THE BEACH uma espécie de prolongamento de LA BÊTE HUMAINE como estudo da relação entre o desejo sexual e a pulsão criminosa, com uma forte carga erótica. Mas, às primeiras projeções privadas, ficou claro que o público não entendia o objetivo do realizador, que o remontou, surgindo THE WOMAN ON THE BEACH dentro da linha do “filme negro”, com mulher fatal e um herói traumatizado da guerra. Um dos mais insólitos e perturbantes filmes de Renoir.